quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O HOMEM DO CONSERTO


─ Mas o “homem do conserto” não vem? – perguntou Lúcia a sua irmã. Haviam combinado de se referirem assim ao rapaz que viria ao seu apartamento naquele dia. 

─ Xiiiiiiiu!!! O porteiro ainda está ouvindo! – retrucou Celeste, informando baixinho à irmã que o tal homem já havia ido embora. 

─ Me conta como foi! Quero saber! – sussurrou ao entrarem no elevador.

─ Calma! Quando chegarmos em casa te conto. Imagina se alguém do prédio ouve! Você é louca de comentar na frente do porteiro? Logo ele, um cara tão conservador... evangélico... O que ia pensar de mim? Uma senhora de 66 anos, viúva, recebendo um garotão sozinha em casa.

─ Ai, mas e aí? Finalmente, né? Afinal, todo mundo lá no bingo já conhecia o... ainda precisa falar nele como o “homem do conserto”? – ironizava tentando provocar Celeste, enquanto esta cerrava a porta do apartamento.

─ É, é, é... eu sei que fui a última da turma, não precisa me lembrar. Até a Antonia, que é casada já tinha saído com ele.

─ Pois é. Até a Norminha, que é tão sossegada! E a Silvia. Mas, desembucha, mulher! O que achou dele?

─ Meu Deus! – Celeste gelou ao perceber que havia deixado no balcão da portaria o cartão com o whatsapp do rapaz. Tateou todos os bolsos novamente, para ter certeza. Mas não ia descer até lá agora. Tinha que atualizar a irmã sobre o que ocorrera ali naquela tarde.

E assim foi. Passaram quase duas horas conversando e, cansadas que estavam, acabaram caindo no sono ali mesmo no sofá. Na manhã seguinte, após tomarem café juntas, Lúcia se despediu, prometendo à irmã que verificaria discretamente se o tal cartão ainda estava pela portaria. Entretanto, ao chegar no térreo, não encontrou nem cartão, nem porteiro. Mas quando estava se preparando para descer os degraus da escadinha que levava à rua, ouviu o barulho da porta do quartinho do porteiro se abrindo, e qual não foi sua surpresa ao notar o tal homem do conserto saindo de lá apressadamente, com os cabelos molhados.

Vai ver o chuveiro do porteiro estava queimado...

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

E quando você fica feliz lendo o que escreveu um dia?

Ahh, que orgulhinho bom!

Reler as ideias que um dia tive e que foram, de certo modo, imortalizadas ou concretizadas na forma de palavras escritas.

Ao ver provas escolares antigas e cálculos cabulosos que fiz para resolver problemas matemáticos fico até admirada de quanta coisa eu* outrora dominei. Aprendi, sim, mas por desuso, não domino mais.

Entretanto, o que mais tenho prazer em rever são os textos criativos. Não pela imaginatividade em si, mas pelo tema selecionado. Coisas sobre as quais um dia tive vontade de dissertar a respeito. Tão curioso! Por que o tema X em detrimento do tema Y me chamava atenção em determinado momento passado?

Escolhas, essas constantes em nossa vida!


*(aqui, pausa para escolher o melhor verbo e tempo verbal)

domingo, 17 de dezembro de 2017

O sistema alimentar

Em tempos de modismos culinários, alguns take aways do vídeo The Food System*:

  • Não precisamos de muita comida para sobreviver com saúde; 
  • Assim, há uma demanda limitada por comida, e os mercados estão saturados, o que causa pressão nos atores da indústria alimentícia; 
  • Não comemos nutrientes. Comer é muito mais complexo do que manter nosso corpo funcionando: é psicológico, é cultural, é social, é sobre convivência, amizade, crenças religiosas... 
  • Os pobres precisam consumir mais, os ricos não precisam, pois não há como consumirem, digamos, cinco vezes mais comida do que consomem atualmente, para ter uma vida saudável; 
  • Os itens que devem predominar na alimentação saudável ideal (rica em frutas, verduras e cereais) são muito menos divulgados em propagandas comerciais do que aqueles produtos que deveríamos comer muito pouco (ricos em gordura e açúcar). 
* The Food System: an overview - Geoff Tansey 

sábado, 21 de janeiro de 2017

Receita da vida

Você, que me lê agora, está casada(o)? Tem filhos? Tem um emprego com carteira assinada?

Se respondeu "sim" a todas as perguntas, te questiono: está feliz???

Em caso positivo, que bom! A fórmula funcionou para você. No entanto, muitas pessoas que seguem essa fórmula básica da vida, casar-ter-filhos-estar-formalmente-empregado, ainda assim são infelizes. Já cantarolava Raul, em Ouro de Tolo: "Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego / sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês / ... / Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que quis / Mas confesso abestalhado que estou decepcionado".

O mantra nascer-crescer-reproduzir-morrer não é livre de erros. No caso, o "reproduzir"  é mais uma opção do que uma certeza. E muita gente que opta por não incluí-lo na lista é mais feliz assim.

E a tal da carteira assinada já assassinou tantos sonhos por aí. E não falo apenas dos ditos "artistas", mas de muitos que se adaptariam melhor a um modelo diferente de trabalho, mesmo dentro das alternativas disponíveis (autônomo, microempresário), ou até como trabalhador informal. A flexibilidade de horário por si só supera, na visão de muitos, as supostas vantagens do registro.

E casar? Primeiramente, vamos definir aqui que não estamos discutindo sobre amor e relações afetivas. O foco aqui é aquele documento lavrado em cartório e, aliás, que hoje em dia, já encontra como substituta a "declaração de união estável" - google it! Em outras palavras, o que interessa aqui é o aspecto legal (jurídico) do casamento. E aí fica mais do que óbvio que não é condição necessária para uma vida plena.

Qual será a sua receita de vida?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Para quando você for escrever

Quem já tentou escrever um blog, provavelmente, deve ter percebido que a escolha do tema pode não ser simples. Mesmo depois de definida qual será a temática abordada, cada post constitui uma escolha sobre o que escrever.

Eventualmente, há dias em que a vontade de explorar determinado assunto é gigante e, nesse caso, fica mais fácil. Porém, mais do que "dias sem inspiração", há aqueles em que há tantas possibilidades que fica difícil saber o que deixar de fora. Para esses casos, aí vai minha dica: não caia na tentação de falar sobre tudo um pouco. Não funciona! Sabe por quê? Fica superficial. E, mesmo em um post, a profundidade é necessária. Sim, às vezes conseguimos ser profundos com apenas uma sentença. Então, não é questão de ser prolixo*, mas de "ter o que dizer a respeito". É a tal da "mensagem", ou a moral da história.

Assim, definir o assunto da mensagem é um passo importante para o sucesso da comunicação.

* Prolixo: Que fala ou escreve usando mais palavras do que o necessário. O oposto de lacônico, sucinto, conciso. 

domingo, 25 de dezembro de 2016

Então é Natal

Do Carnaval para o Natal. Este foi, basicamente, o intervalo em que este blog ficou sem ser alimentado. Caso você não saiba, a proposta feita lá no comecinho de 2016 era publicar conteúdo novo diariamente. Deu certo por um tempo, depois desandou. Mas tudo bem, pois, inclusive, já havia uma desconfiança inicial (profecia anunciada já no segundo post).

Ok, como diz o ditado: antes tarde do que mais tarde.

Feliz Natal!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Quase caberia num twitter

Quando o Messi faz dois gols após uma partida sem marcar é a mesma coisa do que se tivesse feito um gol por partida? 

*Não estou falando em média de gols. 
** Considere que são partidas equivalentes, isto é, nenhuma é final de campeonato, ou clássico, nem nada.